Edição 2021

Existe atualmente uma necessidade urgente de desenvolver e implementar novas abordagens preventivas da infeção pelo VIH/SIDA. A utilização do dispositivo intrauterino (DIU) é um dos métodos contracetivos mais utilizados pelas mulheres em todo o mundo, mas não protege as mesmas contra o vírus. Este projeto visa desenvolver um novo DIU que permita simultaneamente prevenir a gravidez não planeada e a transmissão sexual do VIH.

A infeção pelo HIV-2 está associada a preservação das células T CD4 intestinais e integridade da mucosa apesar da evidência de replicação viral no intestino. Neste projeto vão ser utilizadas novas metodologias de hibridização in situ baseadas em RNAscope para identificar as células infetadas pelo HIV-2 e HIV-1 em biópsias ileais e do colon sigmóide. A investigação do impacto distinto destes vírus a nível intestinal contribuirá para identificar alvos que promovam a reparação da mucosa intestinal em indivíduos com infeção HIV-1 sob tratamento antirretroviral.

SARS-CoV-2 e a doença resultante, COVID-19, provocaram uma crise económica e de saúde global sem precedentes. A vacinação constitui a principal estratégia para reduzir a sua propagação. Contudo, a disponibilidade de vacinas é ainda limitada e o aparecimento de novas variantes torna essencial o desenvolvimento de novas estratégias. Deste modo, neste projeto pretendemos desenvolver anticorpos recombinantes de elevada potência e neutralização para o tratamento e prevenção da infeção por SARS-CoV-2

Os doentes oncológicos apresentam maior risco de infeção COVID-19 severa e existe uma necessidade de aumentar o nível de conhecimento da vacinação COVID-19 por forma a melhor compreender os mecanismos e a melhorar a prevenção da infeção neste grupo de risco.
O projeto foca-se na avaliação da efetividade vacinal contra a COVID-19 através da determinação da resposta humoral (IgG, IgM, IgA e anticorpos neutralizantes) à vacinação, tendo esta avaliação em consideração os vários tipos de neoplasias, estadios e terapêuticas dirigidas.
Ao perceber o grau de proteção conferido pela vacina nos doentes oncológicos, assim como a durabilidade dessa proteção, permitir-nos-á contribuir para as políticas de vacinação, considerando por exemplo a eventual necessidade de boost vacinal. A identificação de diferentes fatores clínicos na população oncológica, poderá permitir agilizar temporalmente os tratamentos e a vacinação, por forma a aumentar a eficácia da vacina e a evitar sobreposição de efeitos adversos. O objetivo final deste projeto é direcionar os cuidados aos doentes oncológicos para uma medicina mais personalizada, neste caso nomeadamente na resposta a prevenção de emergências de saúde pública.

As vacinas injetáveis para o COVID previnem a manifestação da doença na sua forma mais gravosa, reduzindo as hospitalizações, mas não evitam a infeção das vias respiratórias pelo vírus nem a transmissão do vírus. A administração intranasal da vacina será a solução, com possibilidade de induzir uma resposta imune nas mucosas, com a produção de sIgA específica, evitando a infeção. Este projeto permitirá a execução de estudos de vacinação intranasal em murganhos com formulações desenvolvidas pelo grupo da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, preponente deste projeto.

Existem mais de 100 vacinas a serem desenvolvidas contra a Covid-19 e mais de 30 destas vacinas são de RNA ou DNA. Mas um dos principais desafios nas vacinas de RNA consiste em tornar o mRNA mais estável e nas vacinas de DNA é melhorar a eficiência da sua produção.
Durante os últimos anos a nossa equipa dedicou-se a estudar o iPLUS, uma pequena sequência genética que faz aumentar a estabilidade do RNA e aumenta a produção de proteínas recombinantes. Estabelecemos parcerias estratégicas industriais para mostrar que o iPLUS aumenta a produção de um anticorpo monoclonal utilizado em imunoterapia para tratar cancro.
Neste projeto, chamado iCoV2PLUS, vamos aplicar o iPLUS na melhoria da produção de vacinas de DNA e mRNA para a Covid-19, de alto valor para a sociedade, para contribuir para debelar a pandemia. Forneceremos a prova de conceito de que o iPLUS aumenta a estabilidade do mRNA e aumenta a produção da proteína Spike em cinco variantes de virais: original (Wuhan-Hu-1), indiana (Delta), UK (Alfa), Manaus (Gamma) e África do Sul (Beta). O nosso objetivo final é melhorar o processo de fabrico das vacinas de RNA e DNA contra estas cinco variantes do vírus. O iCoV2PLUS terá deste modo um forte impacto na sociedade, porque pode diminuir os custos de produção e beneficiar a população em geral, e porque torna os processos industriais mais eficientes em conformidade com as boas práticas ambientais e diminui a pegada de carbono.